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Associação Dr. João Dos Santos

 

 

 

 

 

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João dos Santos

 

            João dos Santos nasceu em 1913, o pedopsiquiatra psicanalista mais criativo de Portugal. Despretensioso e com um invulgar à-vontade perante a situação clínica, cativava as emoções das crianças desde as mais arrebatadas em birras até ao «mau comportamento», passando por algumas outras que, destroçadas, eram abandonadas em hospitais pela família. Conta-se, entre muitas outras histórias escritas para a posteridade, que, numa sessão (num anfiteatro dramaticamente apinhado de observadores) com uma criança de 10 anos abandonada no Hospital Júlio de Matos, que tinha inclusive deixado de comer, o nosso patrono imitou empaticamente o comportamento do pequeno o qual, no caso vertente, começou a lamber o espaldar de uma cadeira… Outra história narra-o a fazer o pino de modo a parar a visível perturbação comportamental doutro miúdo, com o qual pode seguidamente conversar – enfermeiros, médicos auxiliares e pais mostraram-se atónitos (no Instituto Aurélio da costa Ferreira). Tantas histórias para contar! Enfim, possuía a capacidade de compreender o homem.

Médico, desde 1939, (começou por ser professor de Educação Física), introduziu entre nós a saúde mental infantil moderna. Criou, com a ajuda de dezenas de outros profissionais também ilustres, várias instituições e tantos outros serviços sociais (ensaiando, nessa altura, o diagnóstico de problemas psicológicos que nem eram sequer reconhecidos como tais), a saber, entre outras, a secção de Higiene Mental no Centro Materno-infantil de Campo de Ourique (1952); no mesmo ano, os Centros Psicopedagógicos na Voz do Operário e no Colégio Moderno; fundou o Colégio Eduardo Claparède votado a crianças com Necessidades Educativas Especiais (1954) – intervenção reconhecida hoje nas escolas como «alunos NEE»; apoiou a criação do Jardim Infantil Pestalozzi (1955); encontramo-lo, também, na fundação do Centro Infantil Helen Keller (1956) – nessa época os cegos eram colocados em asilos; marcou a génese da Liga Portuguesa dos Deficientes Motores, da Associação Portuguesa de Surdos e a Liga Portuguesa contra a Epilepsia. E, um dia, logo após o 25 de Abril de 1974, parou com o seu carro junto ao Hospital Júlio de Matos e, com a bagageira cheia de cravos disse a um amigo: «Vamos ocupar o Instituto de Associação Psiquiátrica! Aquilo é só fascistas». E muitos anos antes, em 1946, (ele e tantos outros cérebros desprezados pela época salazarenta) partira para França por motivos de perseguição política. Aí trabalhou com os mais conhecidos psicólogos da europa (Henri Wallon, G. Heuyer, e Lebovici, entre outros). Era a corrente psicodinâmica que nascia.

            Mas a sua obra mais conhecida, e a mais recente, foi a Casa da Praia (1975), dedicada aos pequenos com problemas de ordem emocional. Desde 1992, esta associação tem o seu nome: Centro Doutor João dos Santos – Casa da Praia.

             A sua filha, Paula Santos Lobo, confessa que sempre o pai a cativou: ele possuía o incrível dom de a fazer rir!

            O mestre escreveu um dia: «Se as escolas fossem oficinas onde a criatividade tivesse um papel primordial (…) as crianças trariam consigo e dentro de si mais objetos de amor, para se protegerem da vida.» - (Educação Estética e Ensino Escolar, in, JL nº 1113).       

João dos Santos, do qual a presente direção da Associação Dr. João dos Santos tanto se orgulha em ter como patrono, foi um homem único, nascido para o futuro.  

A Direção

 A Lisboa de João dos Santos

   

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